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Grandes mudanças

 Estou adiando a redação deste post, pois seu tema é desafiador. Reúno o fôlego, suspiro fundo. Tomo coragem. Trato de teclar.  Acontece que isso deve ser discutido, de um jeito ou de outro, e espero ser bem sucedida na minha tentativa de tratar disso de maneira sensível e cuidadosa o suficiente. Minha vida mudou radicalmente desde a partida do meu irmão. Em vários aspectos, em diversas direções, coincidentemente ou não. Muita coisa mudou para melhor por conta de sua partida, embora muita coisa tenha mudado para pior pela mesma razão. Por outro lado, independentemente de sua partida, muita coisa mudou para melhor e muita coisa mudou para pior também. E muita coisa ainda está para mudar, seja por consequência (direta ou indireta) de sua partida ou não. Muitas mudanças ocorreram desde novembro de 2021 e muita mudança está para acontecer, grandes mudanças. De longe, a maior mudança é a partida dele. Pois a sua partida desencadeou uma série ininterrupta de eventos e, dos que não desencadeo

Anexando velhos choros para posteridade

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  Nota de Pesar Meu irmão morreu. 06/11/21. Meu irmão. Felipe. Fã de carrinhos da hotweels. Goleiro. Adolescente. Ingênuo. Educado. Ponderado. Aventureiro. Pintor de paredes de quarto. Amante de luzes de Natal. Amigo de sua irmã. Meu irmão. Morto. Um ataque cardíaco aos 15 anos de idade, enquanto praticava ciclismo. Se tratava de um rapaz Atlético. Ironia do destino. Arritmia. Acaso. Não sei mais.  Meu corpo arde em febre, enquanto o corpo de meu irmão perece em terra. Eu busco palavras para imortalizar o momento da morte de meu irmão, mas elas me faltam. Com o risco certeiro da insuficiência, me concentro e vasculho em minha mente os recursos adequados de minha língua. Fernanda e Felipe. Sempre foi assim, desde que me entendo por gente. Na minha família, não se falava isoladamente de Fernanda ou de Felipe, do mesmo modo que não se fala isoladamente de Pippin ou de Marry, de Dick ou de Jane, de Fred ou de George. Agora sou só eu. Minha metade em carne e em espírito, em sangue e em hist

O choro do luto

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     Eu costumo ser bastante chorona, como eu disse esses dias para um amigo meu, colega da graduação. Eu choro por filme bom, choro de alegria, melancolia e  medo do futuro. No entanto, eu surpreendentemente choro muito pouco pelo evento mais tocante da minha vida, que é o luto da morte de meu irmão. Às vezes ainda parece inacreditável, não consigo absorver sua ausência com completude. Ainda permaneço incrédula, depois de um ano e meio. Ele partiu em novembro de 2021, ainda tinha 15 anos. Faria 16 no próximo mês, dia 09 de dezembro.      E permaneço sem chorar.     Nossa avó, pelo contrário, chora quase diariamente desde então. Ela permanece lamentando profundamente sua perda, seu neto mais querido. Falo isso sem nenhum amargor nem dela e muito menos dele, pois a preferência é justificada. Depois da separação dos nossos pais, ele foi morar com o pai na casa da nossa avó paterna, e eu fui morar com a mãe e seu segundo esposo, o pai do nosso meio-irmão Miguel. Desde 2013 até sua partida

Cardosos conversando só o básico

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 Cardosos conversando só o básico Justificando a existência deste blog      Me chamo Fernanda Cardoso. Sou pé-vermelho: nascida e criada em Londrina, numa terra farta de grandes araucárias. Mas antes de falar sobre mim (assunto para o qual provavelmente dedicarei uma publicação ou uma série delas), vou justificar porque criei este blog. O canal do YouTube "Conversando só o básico"      Eu tinha, até pouco tempo atrás, um irmão chamado Felipe Cardoso. O verbo está conjugado no passado não porque ele deixou de ser meu irmão, mas porque ele deixou este mundo.  Antes de partir, ele criou um vídeo-blog no YouTube chamado " conversando só o basico ". Nesse canal, ele discutia diversos assuntos que fossem interessantes no momento, enquanto, na tela, rodavam imagens de jogos de vídeo-game protagonizados por ele. Cardosin tocando guitarra no seu quarto, casa da vó. Provavelmente entre 2020 e 2021.      Meu saudoso irmão Felipe (também chamado de "Cardoso" por seus